Yahoo e Bing: mudanças (ma non troppo) no mercado de buscas

Por Cláudio Lins de Vasconcelos

A notícia do dia no mundo das novas mídias foi a pesquisa da Nielsen, divulgada hoje, que mostra que o Yahoo perdeu a vice-liderança do mercado de buscas na internet para o Bing, ferramenta da Microsoft. A diferença é mínima: 13,9% contra 13,1% de participação.

A metodologia da Nielsen computa apenas as “buscas intencionais”, ou seja, aquelas que não são feitas automaticamente quando o usuário procura algo diretamente pelo browser (que são as chamadas “buscas contextualizadas”). O líder inconteste continua sendo o Google, com 65% de market-share. No quadro abaixo, a evolução desse mercado relevante no último ano, segundo a Nielsen:

Esses dados devem, no entanto, ser interpretados com ressalvas, por pelo menos três razões:

(a) ainda não existe uma metodologia totalmente confiável para medir esse mercado relevante, altamente vulnerável a maquiagens de todo o tipo, conhecidas como “bullsearch” (trocadilho para “bullshit“). Uma forma comum de “enganar” os medidores é o uso de “slideshows” nos resultados de buscas das fotos, que contam cada “passada de página” como se fosse uma busca autônoma;

(b) a principal referência entre os institutos de pesquisa do mercado digital não é a Nielsen, mas a comScore, que usa uma metodologia diferente, reformulada este ano especificamente para evitar o bullsearch. E pela comScore (base julho de 2010), o Yahoo segue bem à frente do Bing, 17,1% a 11% (o Google? 65,8%). Vale dizer que tanto o Yahoo quanto o Bing vêm sendo muito criticados pelos números “anabolizados” pelo bullsearch; e

(c) Yahoo e Microsoft anunciaram em agosto uma “parceria técnica” pela qual as buscas do Yahoo passaram a usar tecnologia Bing (ou seja, Yahoo powered by Bing). Trata-se praticamente de uma fusão do business de buscas das duas empresas, que tentam desesperadamente fazer frente ao Google. Por isso, talvez sequer faça sentido considerar Yahoo e Bing como concorrentes; são mais propriamente uma joint-venture, que controla entre 26% e 28% do mercado relevante de buscas.

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2 pensamentos sobre “Yahoo e Bing: mudanças (ma non troppo) no mercado de buscas

  1. Claudio, o que me preocupa mais nessas questões de sites de busca é que em um primeiro momento nós nos surpreendemos porque neles encontramos virtualmente tudo. Só que isso é mérito dos produtores de conteúdo e não da ferramenta de busca.

    Em um segundo momento, nos deparamos com a informação de que o fator que coloca um resultado no topo das buscas é sua popularidade e não sua relevância (http://info.abril.com.br/noticias/internet/o-google-e-inutil-11082009-27.shl).

    É óbvio que por ser subjetivo, o critério da relevância não traria resultados de forma tão veloz e ainda o Google/Bing/Yahoo poderia ser induzido a uma corrente de pensamento, como já acontece com a Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Usu%C3%A1rio_Discuss%C3%A3o:Fc#A_tentativa_de_manipula.C3.A7.C3.A3o_da_Wikip.C3.A9dia).

    É importante que relativizemos a importância de uma página em branco com um algoritmo rápido que já transformamos em verbo (googlear) e que parece preencher nossas vidas com coisas populares, não relevantes.

    Um abraço do amigo!

    Eduardo Grolli

    • Pois é, Grolli. O que vc está dizendo é a mais pura verdade: a digitalização dos meios de comunicacão derrubou os custos de distribuição de conteúdo a quase zero, mas não fez o mesmo com os custos de produção e pouco afetou os custos de criação. Assim, boa parte da “nova economia” da cultura se concentra apenas nessa última etapa da cadeia midiática, que é a distribuição. E seus modelos de negócio muitas vezes simplesmente ignoram que existem dois estágios anteriores – criação e produção – sem os quais sequer há o que distribuir (e nem o que buscar…)

      Mas aos poucos essa ficha está caindo. Como tenho dito nos últimos posts, os players mais relevantes na distribuição de conteúdo digital nos EUA – notadamente o Google e a Apple – estão investindo em acordos com os criadors/produtores de conteúdo. A preocupação agora é manter esses acordos dentro da lógica da livre concorrência. Essas empresas, que tanto falam em “livre acesso”, vão ter agora que falar de “livre concorrência”. Só que numa posição bem menos confortável. Antes, eram pedra. Agora, são vidraça. Quer saber? Vou escrever um post sobre isso…

      Abraço, meu velho. E volte sempre!

      Cláudio

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