Por Cláudio Lins de Vasconcelos
A comScore, o mais respeitado instituto de pesquisas mercadológicas para mídias digitais, acaba de divulgar novos números do mercado de “smartphones” nos EUA (base julho/2010). A pesquisa sobre participação de mercado se concentrou em dois segmentos, “fabricantes de equipamentos originais” e “sistemas operacionais”. Além disso, a pesquisa também procurou detectar como os usuários (acima de 13 anos de idade) acessam conteúdo pelo equipamento.
Primeiro, vamos aos números: entre os fabricantes de equipamentos originais, a líder Samsung (23,1%) é seguida de perto pela LG (21,2%) e pela Motorola (19,8%). Em um longínquo quarto lugar está o RIM (Blackberry), com 9%, seguido pela Nokia, que tem 7,8%. Em comparação com a última pesquisa, com base em abril/2010, apenas Samsung e RIM ganharam mercado, respectivamente 1% e 0,6%. A que mais perdeu foi a Motorola (-1,8%).
O segmento de sistemas operacionais ficou assim: (1) RIMM, da BlackBerry, com 39,3%; (2) i-Phone, da Apple, com 23,8%; (3) Android, do Google, com 17%; (4) Windows Mobile, da Microsoft, com 11,8%; e (5) Palm, da Howlett-Packard, com 4,9%. Entre abril e julho, RIMM e i-Phone perderam, respectivamente, 1,8% e 1,3% de market share. No mesmo período, o Android ganhou 5,0% e tomou o terceiro lugar do Windows Mobile, que perdeu 2,2%. O Palm (Howlett-Packard) manteve sua participação.
Para este blog, no entanto, o ponto mais interessante da pesquisa diz respeito ao uso midiático dos “smartphones”. A ordem dos usos mais populares é a mesma nas pesquisas de abril e julho, com pequenas variações percentuais. Os entrevistados podiam apontar mais de uma atividade.
As “mensagens de texto” lideram o ranking: 66% dos pesquisados mencionaram essa atividade. Ao menos no release disponível publicamente, a comScore não diz com todas as letras que foram consideradas apenas mensagens SMS, mas diz que são “mensagens enviadas a outro telefone”.
Em seguida vêm “acesso à internet” (33,6%), “download de aplicativos” (31,4%), “jogos” (22,3%), “acesso a redes sociais e blogs” (21,8%) e “ouvir música” (14,5%). Supõe-se que o acesso a “vídeos” esteja dentro do item “acesso à internet”, o que, na maioria das plataformas, leva o usuário preferencialmente ao You Tube.
A resposta “assistir TV” não consta da lista, embora haja smartphones capazes de receber sinal de TV digital. A questão que fica, então, é: por que os americanos assistem tão pouca TV no telefone? O preço dos aparelhos com TV não difere muito, para o consumidor final, do praticado em outros aparelhos.
A resposta pode estar no simples fato de que “convergência de mídias” é uma possibilidade tecnológica, não um mantra. Ter TV no celular, telefone no computador e internet na TV pode ser muito útil e certamente há infinitas oportunidades a serem exploradas pela indústria que decorrem precisamente daí. Mas nem por isso o consumidor agirá como se fosse tudo a mesma coisa.
Será que, em sua maioria, as pessoas não preferem simplesmente assistir TV na TV, falar no telefone pelo telefone e fazer tudo isso e muito mais no computador? A resposta, ninguém sabe. Steve Jobs, como disse no post “Apple TV, Google TV e o Controle Remoto do Futuro” (13/9/2010), aposta que sim e é por isso que sua Apple TV tem pouco a ver com internet, diferentemente da Google TV de Eric Schmidt, que parece apostar na convergência total. A ver.
Fonte:
Página da comScore: http://www.comscore.com/Press_Events/Press_Releases/2010/9/comScore_Reports_July_2010_U.S._Mobile_Subscriber_Market_Share